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CPI obtém documentos comprobatórios que Mauro Cid tinha certificados de autenticidade de conjunto de joias sauditas
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Troca de e-mails expõe as tentativas feitas para retirar o primeiro conjunto de joias, apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. A defesa de Cid declarou que não pode se manifestar sobre o caso por não ter acesso aos documentos.
- Por Camilla Ribeiro
- 10/08/2023 17h49 - Atualizado há 1 ano
CPI obtém um conjunto de e-mails de Mauro Cid comprovando tentativas de retiradas das joias apreendidas em aeroporto.
A Ajudância de Ordens da Presidência da República teve acesso aos certificados de um segundo conjunto de joias entregues pelo governo da Arábia Saudita e que entrou no Brasil.
As mensagens revelam também as tentativas de retirada do primeiro conjunto de joias, apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
Em 19 de dezembro do ano passado, Mauro Cid digitalizou quatro certificados da marca Chopard:
• O primeiro é um anel de 24 diamantes;
• O segundo é um masbaha, item semelhante a um rosário usado por islâmicos, com 110 diamantes;
• O terceiro diz respeito a abotoaduras com 48 diamantes;
• E o quarto é um relógio de 33 rubis que faz parte de uma edição limitada de apenas 25 peças.
Os certificados comprovam que as três primeiras joias foram adquiridas em 17 de outubro de 2021, nove dias antes do primeiro conjunto de joias ter sido retido pela Receita.
Apenas o relógio foi comprado antes, em 16 de março de 2019.
As compras ocorreram na loja Attar United, uma revendedora autorizada da Chopard na Arábia Saudita.
O carimbo permite ver que a aquisição foi em Riad, a capital do país.
No site da Chopard, a partir da numeração de série, é possível encontrar imagens e detalhes das peças.
Nove dias depois, em 28 de dezembro de 2022, outras trocas de e-mails apontam para o planejamento da tentativa de retirada do primeiro conjunto de joias, no Aeroporto de Guarulhos.
Na data da apreensão, esse conjunto foi avaliado em 5,6 milhões de reais.
Um auxiliar de Cid, o segundo-tenente Cleiton Henrique Holzschuk, na época era coordenador administrativo da Ajudância de Ordens, encaminha um ofício, de acordo com ele por ordem de Cid, para o então chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes.
Uma hora depois, às 13h38, o próprio Mauro Cid reencaminha o email de Holzschuk para o chefe da Receita Federal.
Não existe nos emails compartilhados com a CPI registros de que as mensagens tenham sido respondidas.
Mas algumas horas depois, às 17h01, Holzschuk informa Cid de que o militar que foi designado para retirar as joias viajará para Guarulhos em voo da FAB:
Tentativa de reaver as joias apreendidas
"Por oportuno, informo que o referido servidor viajará de Brasília para Guarulhos, em voo da FAB, em 29 de dezembro de 2022, para atender demandas do Senhor Presidente da República naquela cidade".
E solicita autorização para a compra de um voo comercial para ele retornar a Brasília com as joias.
"Solicito-vos autorizar o 1º Sgt MB JAIRO (...), desta Ajudância de Ordens, retornar em voo comercial no trecho Guarulhos-SP para Brasília-DF em 29 de dezembro de 2022. "